quarta-feira, 12 de agosto de 2009

BUCY MOREIRA



Neto da mais famosa das tias baianas que habitavam a região da antiga Praça 11 nos primórdios do século passado, a Tia Ciata, Bucy Moreira nasceu ali mesmo no berço do samba, mais precisamente na Rua da Alfândega, em 1 de agosto de 1909, tendo como padrinho o famoso Hilário Jovino, criador dos ranchos carnavalescos. É natural que tenha crescido num ambiente de grande efervescência da cultura negra participando e convivendo com grandes bambas da música e do ritmo, pioneiros do samba e do carnaval carioca. No início da década de 1920 começou a freqüentar os redutos boêmios do Rio de Janeiro, principalmente a Lapa, cultivando ali amizades e participando do meio musical. Conviveu com os lendários Brancura, Chico Crioulo, Madame Satã, Alberto Português, China Chapinha e outros. Tocando tamborim e percussão com muito ritmo, percorria as melhores casas de samba da cidade no Estácio, na Mangueira, no Morro da Favela, São Carlos, etc., locais nos quais era bastante respeitado. Foi um dos fundadores da Escola de Samba “Vê Se Pode”, no Morro de São Carlos, no princípio da década de 1930, onde era diretor de harmonia. Juntamente com Ismael Silva, Brancura, Baiaco, Mano Edgar, Bide, Mano Rubem e Nilton Bastos, participou da fundação da primeira escola de samba, a “Deixa Falar”, mais tarde “Estácio de Sá”. Fundador também da SBACEM e da cooperativa dos músicos para a construção do Conjunto dos Músicos no bairro do Engenho da Rainha.
Além de percussionista era também compositor da melhor qualidade. Vários artistas de renome gravaram suas músicas, entre os quais podemos citar: Francisco Alves, Mário Reis, Benedito Lacerda, Ismael Silva, a dupla Joel e Gaúcho, Aracy de Almeida, Aurora Miranda, Carmem Miranda, Carmem Costa, Henricão, Carlos Galhardo, Linda Batista, Nelson Gonçalves, Jorge Veiga, Trio de Ouro, Trigêmeos Vocalistas, Bob Nelson, Geraldo Pereira, Dilermando Pinheiro e muitos outros, inclusive ele próprio. Mais recentemente podemos ouvir as gravações de “Miudinho” com Paulinho da Viola, “Papagaio Falador” com Cristina Buarque, “Não Ponha a Mão” com Elza Soares, “Pour la Madame” com Bezerra da Silva e outras mais. Trabalhou com inúmeros parceiros, entre eles Osvaldo Santiago, Kid Pepe, Nazinho, Fernandes, Miguel Baúso, Arnô Carnegal, Carlos de Souza, Chiquinho Salles, E. de Almeida, Antônio Morais, Raul Marques, Wilson Batista, Haroldo Torres, Macedo Neto, Felisberto Martins, Ari Cordovil, Oswaldo Lira, Antônio Francisco da Conceição, Albertina da Rocha, Mutt, Monarco, Haroldo Campos, Alfredo Albuquerque, Brancura, etc. São infinitas as suas composições e para enumerá-las seriam necessárias várias páginas. Citaremos algumas gravadas pelo artista homenageado: “Tudo Acabado”, “Admiro Você”, “Linda Tarde”, “Anda, Vem Cá”, “Beijos”, “Meu Pai Era Ferreiro”, “Não Precisa Pagar”, “Paga Ou Não Paga”, “Quem Pode, Pode”, “Pau Peroba”, “Festa na Roça”, “Você Não Tem Pena de Mim”, “Eu Que Jurei Nunca Mais Amar a Ninguém”, “Rede da Mangueira”, “Mau Costume”, “Velho Macumbeiro”, “Por Que É Que Você Chora?”, todas incluídas no CD “A Música Brasileira Deste Século Por Seus Autores e Intérpretes–Bucy Moreira”.
Viajou por vários países e teve suas composições gravadas em muitos idiomas. Foi diversas vezes premiado por suas composições e trabalhou também em alguns filmes como ator.
Bucy Moreira faleceu aqui mesmo, em 28 de março de 1982. Vale ainda registrar sua importância como um dos músicos pioneiros a promover a união ou fusão do samba que se fazia na Praça 11 e Cidade Nova com o samba que começava a aparecer nos morros da cidade.
Saudemos então o grande sambista centenário reverenciando-o com o devido respeito e muito aplauso.
Obrigado Bucy, pelo legado que nos deixou!!!!

Bucy Moreira foi homenageado no Sambaune em 08/08/2009, com a presença de sua viúva Nancy (na foto) e suas duas filhas.

foto de Irany

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