terça-feira, 14 de julho de 2009

BETO MONTEIRO


Alberto Ferreira Monteiro Filho, o Beto Monteiro, nasceu no Rio de Janeiro, em 8 de março de 1952 e foi criado no bairro de Santa Tereza. Como ele próprio diz: “Fui criado em Santa Tereza e domesticado na Lapa”.
Violonista, compositor e cantor, trata-se de um autêntico malandro carioca, sambista. Gosta da boemia, especialmente da Lapa, por onde passaram e passam as gerações dos maiores artistas do Brasil. Apresenta-se interpretando canções próprias e clássicos de Geraldo Pereira, Moreira da Silva, Ismael Silva, Cartola, Ciro Monteiro, Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Chico Buarque. Acima dos modismos, Beto faz um trabalho cultural de resistência, inventando um samba de alta qualidade e ajudando a preservar o melhor da música popular. Em três ocasiões o samba vencedor do Bloco das Carmelitas foi feito por Beto Monteiro e o parceiro Kelson Montanha. Aliás, Beto Monteiro gravou um CD, “Beto Monteiro Canta Carmelitas”, reunindo toda a sua experiência como principal compositor deste bloco. O disco contém as músicas “Tá Dominado de Alegria”, em parceria com Serginho Meriti e Kelson Montanha, “ABC do Samba” com Sandrinho do Farofa Carioca e Kelson Montanha, “Meu Querubim” e “Se Tiver Avião” ambas com Kelson Montanha. Gosta de compor em parceria, tendo canções como, por exemplo, com o fotógrafo Roberto Garcia com quem compôs as canções “Misturada na Noite”, “Cafifa” e “Das Cordas”, esta última também em parceria com Mário Lago Filho. Com Grande Otelo compôs “Estrelas a Brilhar”. Outras composições suas são o frevo “Vento em Proa”, o choro em parceria com Barrosinho “Saracoteando no Curvelo”, ”Pano Pra Manga” e “Pé na Jaca” ambas em parceria com Kelson Montanha, “Pra Ti Tereza” com Laning Elvis, “Veja Como É Lindo” com Gibacom, “Malandro em Brasília” com Thiago Mocotó, “Juras de Amor” com Flavinho, e muitas outras mais.
O artista tem dois CDs em gestação, parcialmente gravados, incluindo arranjos de Paulão Sete Cordas e participações de Esguleba, Zé Luiz Maia e Roberto Marques. Também tem gravações esparsas em coletâneas. Agitador cultural, criou projetos e dirigiu espetáculos, como o Chorinho da Gafieira, na Estudantina. Este projeto contou com a participação especial do “Chapéu de Palha” e homenageou em vida, nos anos 80, figuras antológicas como Jackson do Pandeiro e Rafael Rabelo.
Beto Monteiro lembra como abraçou a profissão: “A música surgiu por paixão. Ainda garoto, eu via meus irmãos ensaiando na minha casa com Taiguara. Desde adolescente freqüento a Lapa. Sou do tempo do Velho Capela, restaurante que ficava no antigo Largo da Lapa, pertinho da Cecília Meireles. No carnaval, eu saía com meu pai, que me levou lá. Eu admirava aquelas colunas de mármore. Ficava maravilhado com a música e a folia, os pierrôs, as colombinas, os marinheiros. Sou do tempo da lança-perfume amarela, que jogávamos nas pernas das meninas A política só surgiria depois. E com a cascadura militar de 64, minha formação se valeu de bambas como Edu Lobo, Geraldo Vandré e Chico Buarque”.
Já se apresentou nos lugares mais inusitados, em delegacia, em presídio, em velório. Já cantou em São Paulo, em Recife, em João Pessoa, em Lima, no Peru, em Roma e Paris. Só no Terreirão do Samba, foram diversos carnavais da Riotur. Mas o que mais o caracteriza é realmente a roda de samba em pequenas casas e bares, espetáculos como o que rolava no Instituto dos Arquitetos na Praça Tiradentes, ou no Hotel The Maze, do inglês Bob NadCarny, incrustrado numa viela da favela Tavares Bastos.
Beto Monteiro relembra um pouco de sua carreira: “Já fiz shows homenageando Noel, Vinicius, Cartola, Wilson Batista, Geraldo Pereira e tanta gente boa. Participei do show da Anistia, promovido pelo Partido Comunista Brasileiro em São Paulo. Trabalhei na Ponta do Corredor Cultural, no Caju, na antiga casa de banho de Dom João VI. Uma das coisas de que mais gostei de inventar e dirigir foi a série Chorinho da Gafieira. Levei ao Estudantina nomes como Altamiro Carrilho, Jackson do Pandeiro, Paulinho da Viola, Nelson Sargento, Hélio Delmiro, Rafael Rabelo, Monarco e Velha Guarda da Portela. Já me apresentei algumas vezes no Circo Voador. Gosto de trabalhar muito com músicos como Zé da Velha, o pianista Zezinho Moura, Roberto Marques, Paulão Sete Cordas. Gosto dos festivais de Santa Teresa, dos espetáculos no Parque das Ruínas”.
Sobre a Lapa, hoje revigorada pela abertura de tantas casas, Beto Monteiro lembra do período antes deste boom: “Tínhamos o Resendão, aquele bar ali na Rua do Resende. Saíamos do saudoso Saci, berço de boêmios em Vila Isabel, e íamos ao Resendão, onde o fim de noite reunia uma sopa salvadora, boa conversa e música tocada e cantada por gente como Pedro Mateus, João Nogueira, o compositor Garça... “.
Beto Monteiro não perde viagem e sempre apresenta as suas principais composições, que misturam saborosamente samba de breque, humor, balanço de gafieira, chorinho, cantando também clássicos da melhor MPB. Beto Monteiro defende a criação de um Memorial da Lapa, um espaço com homenagens e informações sobre o bairro que é o ambiente mais fascinante da cultura no Rio de Janeiro. Seus shows não deixam de ser um memorial de toda essa emoção.
Homenageado no SambaUne em 11/07/2009.

Foto de Irany

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